Dra. Elza Daniel de Mello - Pediatra e Nutróloga

É normal muitos pais se queixarem que seus filhos não comem frutas, verduras e legumes, e, por isso, a gente explica um pouco mais sobre o que fazer quando isso acontecer.

Conceito de hortaliças e os nutrientes fundamentais

Antes de começar a falar sobre esse assunto, é importante definir os conceitos de frutas, verduras e legumes. Na verdade, todos eles fazem parte de um grupo chamado hortaliças e por isso apresentam composição e funções semelhantes.
As verduras são todas as hortaliças que têm as folhas, flores ou hastes como parte comestível. Esse grupo possui baixo teor de carboidratos e também de calorias, além de apresentar vitaminas e minerais variados. Já os legumes são as hortaliças em que a parte comestível são os frutos e as sementes, tendo em sua composição vitaminas, fibras, carboidratos e minerais, enquanto as frutas possuem mais carboidratos, além de vitaminas, fitoquímicos e fibras.

Recomendação de consumo diário

E quando o assunto é quantidade, quanto será que as crianças precisam comer?

Por serem ricos em vitaminas, minerais, fibras e outros nutrientes que as crianças precisam para o bom crescimento e desenvolvimento, é fundamental que a ingestão de hortaliças seja variada, afinal não tem um melhor do que o outro e sim todos são importantes.

Por isso, é importante ingerir algum legume ou verdura nas refeições principais e 1 a 2 frutas por dia.

Claro que não é essencial ingerir todos os tipos; é possível ter aqueles que as crianças gostam e os que não gostam dentro de cada categoria, e não tem por que forçá-las a comerem os que não gostam.

Dicas de como introduzir nas crianças que não comem

Uma das maiores preocupações dos pais acontece quando as crianças se recusam a comer certos tipos de alimentos, como os do grupo das hortaliças. Nesse caso é importante observar quanto tempo o pequeno está negando esse alimento, pois muitas vezes essa negação é transitória e não tem por que ficar insistindo.

Por outro lado, se a criança continuar negando esse alimento por muito tempo, o que pode ser um fator de risco para dificuldade alimentar, melhor fazer uma preparação saudável que tenha esse alimento nos ingredientes. Como, por exemplo, misturar verduras e legumes no feijão ou lentilha, ou fazer arroz colorido com cenoura ou beterraba ralada, bater frutas com leite. O que não se deve é fazer bolo de cenoura, por exemplo, achando que se está ensinando a ingerir cenoura ou então bolinhos de espinafre, mesmo que seja na air fryer.

O correto é não misturar os alimentos para que a criança aprenda o paladar de cada um separadamente, mas, em algumas situações, se aceita misturado, melhor fazê-lo por um tempo para que volte ao hábito de ingerir e depois tente separar novamente.

Ressalva dos sucos

E quando o assunto é suco, será que é a mesma coisa que comer a fruta?

O suco de frutas não substitui a ingestão das frutas em si. E pode “tirar” a fome e a criança não querer comer outros alimentos importantes.

Exemplo dos pais

O mais importante de tudo isso: o exemplo é o fundamental! Os pais devem, além de preparar e ter em casa frutas, verduras e legumes, ingerir na frente da criança e, para isso, devem fazer as refeições num ambiente calmo e agradável em sua companhia.

Desafio NutriAção Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, quando se introduz um novo alimento ou algum alimento é recusado pela criança, o ideal é oferecê-lo novamente em momentos diferentes e em preparos diferentes. O desafio desta semana será realizar diferentes combinações com vegetais que a criança normalmente recusa, sempre em pequenas quantidades. Faça a tentativa de 8 a 10 vezes; isso vai fazer com que a criança estabeleça de fato o seu padrão de consumo e aceitação. Use a imaginação e coloque vegetais em receitas que a criança já esteja acostumada ou misturados a outros alimentos que ela já consome. Mas atenção: evite punições ou chantagens. Se ela definitivamente tem rejeição por determinado alimento, é importante respeitar sua condição.